É já longa a história do Metro de Coimbra. O Sistema de Mobilidade do Mondego, a Sociedade Metro do Mondego, fundada em 1996, foi anunciada como uma nova solução de mobilidade para as populações servidas pelo Ramal Ferroviário da Lousã, que ligava Coimbra aos municípios de Miranda de Corvo e da Lousã.

O projecto de construção e exploração de uma linha de metro ligeiro de superfície no espaço-canal do Ramal da Lousã teria uma extensão de 41,9 Km e um total de 43 estações. Após avanços e recuos o projecto inicial seria alterado em 2006, prevendo-se então a sua divisão em duas fases. Uma primeira, com a remodelação e electrificação de todo o Ramal da Lousã de Coimbra B a Serpins, no concelho de Lousã, com aquisição de material circulante, veículos de metro ligeiro de superfície do tipo “tram-train”.A segunda fase, previa a construção da Linha do Hospital, em inserção urbana, com ligação à outra e unindo a baixa de Coimbra ao Hospital da Universidade (os HUC, naquele tempo). A empresa estimou então em 35 mil os passageiros por dia.

A circulação ferroviária no Ramal da Lousã foi encerrada a 4 de Janeiro de 2010. Os passageiros são desde então transportados de autocarro, por acordo com a empresa privada Transdev que termina no final de 2014. Assim se encerrou o Ramal Ferroviário da Lousã, um troço ferroviário de bitola ibérica que de Coimbra a Serpins, passava por Ceira, Miranda do Corvo e Lousã.

Os concelhos de Miranda do Corvo e Lousã viram aumentar consideravelmente os seus residentes, particularmente no final do século passado e na primeira década do século XXI, em procura de habitação a preços muito mais acessíveis do que em Coimbra, sendo cada vez mais as vozes dos que defendiam a modernização da linha.

  • A história do Ramal da Lousãcomeçou com o seu anúncio oficial no reinado de D. Luís, em 1873.
  • Em 1887 foi concessionada uma linha de via reduzida, de Coimbra a Arganil, com passagem por Miranda do Corvo e Lousã.
  • Em 1889 iniciaram-se os trabalhos de construção que entretanto seriam interrompidos por várias vezes e durante vários anos.
  • O troço Coimbra-Lousã foi inaugurado em 16 de Dezembro de 1906. A ligação entre as duas localidades demorava então cerca de hora e meia.
  • O troço de 6 km ente Lousã e Serpins foi inaugurado em 10 de Agosto de 1930, ficando por efectuar a ligação a Arganil.

A empresa Metro do Mondego efectuou estudos e projectos, avançou com expropriações de terrenos para o alargamento do espaço-canal e iniciou o levantamento dos carris. O desmantelamento da linha, com a retirada dos carris, foi efusivamente festejado pelos presidentes das Câmaras de Lousã e Miranda do Corvo.

Entretanto, em Janeiro de 2010, iniciaram-se as duas primeiras empreitadas no antigo Ramal entre Serpins e Carvalhosas, próximo da cidade de Coimbra. Em Novembro de 2010, com os constrangimentos financeiros no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) III, a REFER ordenou aos empreiteiros a supressão dos trabalhos relacionados com a plataforma da linha, assentamento de carris e a construção de catenária. Em 2011 o governo decidiu extinguir a empresa, passando as suas responsabilidades para a REFER. No entanto, a empresa acabaria por não ser extinta, apresentando actualmente um custo de funcionamento da ordem dos 700 mil euros por ano.

Ao longo de 27 km do espaço-canal foram efectuadas obras que hoje apresentam um elevado grau de degradação, com taludes em mau estado. A plataforma está a ceder e apresenta brechas enormes. Ao canal sem carris, soma-se o coração da cidade de Coimbra esventrado, com prédios demolidos e outros por demolir.

O PCP desde sempre considerou que o Ramal da Lousã tinha de ser devolvido ao serviço público, modernizado, electrificando-se a linha de montanha e mantendo-se a sua ligação à rede ferroviária nacional.

A oposição à solução da introdução do Metro na área urbana central de Coimbra resulta do facto da linha urbana preconizada levar à ocupação das principais linhas dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), sem que disso resultem acréscimos de fiabilidade significativos. É possível conseguir maior fiabilidade com a optimização das linhas de autocarros mais frequentadas, ganhando 3 a 4 minutos nesses percursos. A solução metro, no centro da cidade, apenas representaria um acréscimo de velocidade de cerca de 10 km/h, em percursos de 10 a 20 minutos.

O projecto do metro traria vários outros incómodos para as populações. Obrigaria a um transbordo em Ceira, aumentando o tempo de transporte e exigiria maior investimento em produção de energia.

Maiores custos por um serviço que não garante um acréscimo de fiabilidade, mas que virá escancarar de portas à privatização dos transportes urbanos e suburbanos com o desmantelamento previsível dos SMTUC – serviço municipal que serve cerca de 15 milhões de passageiros/ano nas suas 88 linhas, com uma rede de cerca de 550 km e com 460 trabalhadores.

Propõe-se a extinção da Empresa do Metro do Mondego e a canalização de verbas para repor, modernizar e electrificar a linha do Ramal da Lousã e melhorar os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra. A devolução do património ao domínio público ferroviário e ao domínio municipal. Deste modo, é possível prestar um serviço de qualidade às populações de Coimbra, da Lousã, de Miranda do Corvo e da região.

Francisco Queirós
Vereador da Câmara Municipal de Coimbra

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