Impõe-se a urgente modernização da Linha do Oeste e a sua integração num Plano Nacional de Transportes.

«Os utentes da Linha do Oeste estão a ser confrontados com uma nova vaga de supressões de comboios, no troço entre Caldas da Rainha e Meleças, fruto da cada vez maior falta de composições em circulação. Já se chegou ao ponto de substituir comboios por autocarros alugados». Assim inicia a Comissão paraa Defesa da Linha do Oeste, mais um comunicado que exige a urgente tomadade medidas para que esta importante via ferroviária sirva as populações.

 

Económico, seguro, cómodo e ecológico

É sabido que o transporte ferroviário é um dos mais económicos para grandes movimentações e capacidades de cargas e pessoas, de baixo consumo de energia, é dos menos poluentes, confortável e seguro. O transporte ferroviário é o que garante a menor importação de petróleo, pelamaior eficiência energética de transporte, o que contribui para a melhoria da balança comercial do país. É o que minimiza os custos externos sociais em acidentes, com reflexo em economias no sistema nacional de saúde esegurança social e permitindo a maior regularidade e fiabilidade no transportede pessoas, sem atrasos e de forma segura, contribuindo para a produtividade das empresas.

 

 

Interesses monopolistas no rodoviário

Há muitos anos que a Linha do Oeste tem vindo a ser abandonada a favor do transporte coletivo rodoviário que constitui hoje um poderoso monopólio. Como monopólio que é impõe as regras que lhe dá maior lucro independentementedo serviço público que deveria representar. Ao contrário do transporte ferroviário, o rodoviário é grande consumidor de energia, é poluente, menos seguro e um fator de agravamento do trânsito nas estradas já demasiado ocupadas. Os transportes coletivos rodoviários apesar de ligados a interesses privados monopolistas estão divididos em muitas empresas cada uma atuando em zonas exclusivas com bilhetes exclusivos eque não servem para a utilização dos vários transportes.

 

Um plano coxo e que não anda

O Plano Estratégico de Transportes não afronta o problema, não privilegia o transporte ferroviário, e por isso não cria as condições para o melhor serviço público nem para a defesa da economia nem dos interesses das regiões e do País.

A Linha do Oeste tem boas características de infraestrutura, permitindo velocidades entre 90 e 120 km/h. Contudo, o traçado é sinuoso das Caldas para sul e precisa de ser redesenhado para permitir menores tempos de percurso. A agravar a situação, a Linha do Oeste tem sido alvo, desde há vinte anos, de um processo de abandono, só travado nos anos mais recentes pela luta das populações e autarquias, em defesa da melhoria dos horários, do tempo de percurso e da qualidade do material circulante.

 

As decisões que se exigem – sérias e globais

A modernização da Linha do Oeste tem que ser vista globalmente e não só neste ou naquele troço. Recentemente foi tomada a decisão governamental, de eletrificar e modernizar apenas o troço entre Caldas da Rainha e Meleças. É excluído o troço entre as Caldas da Rainha e o Louriçal, bem como a ligação à Figueira da Foz, o que limita e contraria as recomendações para garantir os potenciais efeitos positivos do investimento na modernização da Linha doOeste. Sem este troço e ligação à Figueira da Foz vão subsistir os problemas operacionais no transporte de passageiros com as mudanças de comboios ou transportes, pois esta eletrificação parcial obriga à manutenção da já hoje despropositada mudança de comboio nas Caldas da Rainha, quando todo opercurso poderia ser feito sem transbordos, reduzindo o tempo de viagem e aumentando a comodidade.

 

O consenso existe

As autarquias e a comissão formada há alguns anos em defesa da Linha do Oeste têm apontado soluções relativamente consensuais e que visam uma Linha do Oeste, moderna, rentável e ao serviço do desenvolvimento económicoe social. Indústrias e outras atividades económicas podem ser viáveis na região, se dispuserem de transporte ferroviário e da possibilidade de articulara sua atividade com outras indústrias e distribuição ligadas pela infraestrutura ferroviária. O transporte ferroviário, modernizado, pode ser uma muito boaalternativa ao transporte rodoviário. Contudo...

 

Lobbies põem em causa o interesse público e nacional

A CP tem sido menosprezada e confrontada com a falta de composições adiesel para transportes de passageiros. A parcial eletrificação da Linha que tem tardado, não resolve este problema a norte das Caldas da Rainha. A total ausência de investimento em material circulante é tão grave que a CP foi já obrigada a alugar autocarros para transportar passageiros entre as Caldas da Rainha e Torres Vedras e entre Leiria e Caldas da Rainha. Os passageirosvoltam a não ver os comboios a passar nas estações.

Parece que os lobbies do monopólio rodoviário têm mais força que a defesa do interesse público.

 

Medidas urgentes e a longo prazo

Para além das medidas de fundo que se exigem para a Modernização da Linha do Oeste integrada numa estratégia de desenvolvimento dos transportesferroviários, o PCP apresentou em 22 de abril de 2016, na Assembleia daRepública, uma proposta de resolução que se mantém atual e que aponta para as seguintes medidas:

 

1. A consideração de toda a Linha do Oeste para os respetivos projetos demodernização, envolvendo os troços a Sul e a Norte das Caldas da Rainha, noquadro da elaboração do Plano Ferroviário Nacional, bem como da reanálise do Plano Estratégico de Investimentos em Infraestruturas em Ferrovia – 2020.

 

2. A preparação para a substituição futura do material circulante, com aadoção da tração elétrica.

 

3. A reabertura de estações com pessoal ferroviário que possa dar a devidaassistência aos passageiros, garantindo melhor qualidade e segurança aos passageiros no serviço de transporte.

 

4. A instalação de todas as estações e apeadeiros com um sistema deinformação eletrónica de horários e eventuais alterações de serviço.

 

 

Eduardo Batista

(vereador Câmara Municipal de Mafra)