Em 1983, a Câmara Municipal de Mora e a Junta de Freguesia de Pavia lançaram a ideia de perpetuar a obra deste artista, criando uma Casa-Museu no edifício onde se dizia ter ele nascido. Associada a esta instalação, no piso inferior, foi criado um centro de dia para os idosos da freguesia.

 

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No Largo Combatentes da Grande Guerra, no centro da vila de Pavia, município de Mora, junto à Anta/Capela de São Dinis, um edifício de traça tradicional alentejana guarda obras de pintura e desenho do artista cujo nome adoptou, Manuel Ribeiro de Pavia (1907 - 1957). Este artista, aqui nascido, foi desenhador, ilustrador, aguarelista, gravador e um dos maiores valores do neo-realismo português, no campo das artes plásticas.

 

Em 1983, a Câmara Municipal de Mora e a Junta de Freguesia de Pavia lançaram a ideia de perpetuar a obra deste artista, criando uma Casa-Museu no edifício onde se dizia ter ele nascido. Associada a esta instalação, no piso inferior, foi criado um centro de dia para os idosos da freguesia.

 

Assim nasceu a iniciativa, e a 16 de junho de 1984, nessa singela casa, reuniram-se conterrâneos do seu Alentejo, e amigos que vieram da cidade, artistas e escritores com quem trabalhou e conviveu, para abrir a sua Casa-Museu, onde se juntou parte do espólio e se guardaram memórias da vida e obra do artista. O grande impulsionador foi o pintor Rogério Ribeiro que, com o seu entusiasmo, sensibilidade e dedicação, concebeu e acompanhou toda a preparação e concretização dessa iniciativa,

 

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Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia

 

Foi assim reabilitada essa Casa, albergando, desde então, uma exposição permanente de originais do pintor (cerca de 30 obras), biblioteca e documentação vária, com reproduções fotográficas de capas e ilustrações, proporcionando o desenvolvimento de um trabalho sistemático sobre a obra de Pavia. Por outro lado, representa um local de cultura na freguesia, com a realização de eventos e outras exposições que complementam a actividade da Casa-Museu.

 

Em 2007 foi comemorado o centenário do nascimento do artista, com a criação de uma Comissão de Honra que promoveu exposições que percorreram várias terras do Alentejo. O livro «Manuel Ribeiro de Pavia, 100 anos de nascimento do Pintor», foi editado pela Câmara Municipal de Mora nessa ocasião, comissariado por Rogério Ribeiro, cujas palavras, na introdução, nos deixam uma mensagem-chave para o entendimento da obra deste artista:

 

    «Pavia e Alentejo são palavras que andam a par, o olhar do artista desenhou as mulheres, com o olhar perdido no tempo ou numa nostalgia de distância, deitadas sobre as searas, ao sol na planície ou na sombra dos chaparros, solitárias ou em grupos de trabalho, de tal modo as identificou que muito do rosto do Alentejo foi uma criação de amor e de sonho que o lápis do autor deixou nascer na sua mesa de trabalho e fixou no papel».

 

Passadas 3 décadas da sua criação, a Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia continua a ser uma visita incontornável para quem queira descobrir e conhecer a obra de um artista tão genuinamente alentejano, num contexto também genuinamente alentejano, de grande simplicidade, despojamento, mas, simultaneamente, grande dignidade. Na comemoração dos 30 anos da sua inauguração realizou-se a exposição ‘Manuel Ribeiro [de Pavia] / Rogério Ribeiro [de Estremoz], que procurava estabelecer um diálogo entre estes dois artistas nas suas cumplicidades e procuras. E caberá citar uma frase de José Luís Porfírio, na crítica feita a esta exposição (1), que reflecte bem o conceito subjacente a este espaço e ao seu conteúdo: «Não são necessários espaços grandiosos nem um grande número de obras, basta que elas se mereçam, basta que a fidelidade e a continuidade sejam também transformação; tal é o caso.»

 

 

 

Maria da Graça Saraiva

(Professora Universitária)

 

 

(1) José Luis Porfírio, in Actual nº 2180, Jornal Expresso de 9/2/2014

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