Na Serra de Sintra, em pleno Parque Natural Sintra – Cascais, estão marcadas para abate cerca de 1380 árvores, predominantemente pinheiros bravos, mas também alguns carvalhos, dispostas na sua maioria ao longo e de ambos os lados da Estrada Nacional n.º 9-1, entre a Lagoa Azul e a Pedra Amarela, numa faixa de aproximadamente 30 metros, paralela à referida estrada.
Fosse esta uma área florestal de gestão privada e contestaríamos nós de forma veemente, sintrenses, portugueses e todos os que nos visitam e usufruem daquela paisagem ímpar, a «violência» da intervenção prevista. Mas a gestão daquela floresta é da competência do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), pelo que à contestação acrescem, naturalmente, a estupefacção e a indignação.
A pretexto de «melhoria da segurança rodoviária» ou ainda da «eliminação de exemplares em concorrência directa com folhosas autóctones» ou mesmo da «protecção contra incêndios», não se respeitam os mais elementares critérios ambientais e paisagísticos que se exigem ser respeitados, muito particularmente num espaço classificado como Paisagem Cultural da Humanidade.
Por iniciativa do Partido Ecologista Os Verdes foi requerida uma audição parlamentar ao Sr. Presidente do ICNF que foi agendada para o dia 18 de Abril.
Naturalmente que, em nome do interesse público, impõe-se a imediata suspensão da intervenção prevista e o continuar de diligências, quer por parte das autarquias (Câmaras Municipais de Sintra e de Cascais), quer por parte da Assembleia da República, no sentido de reverter a decisão e do cabal esclarecimento deste potencial crime ambiental em Sintra.
Consabidamente, a floresta é a grande responsável pela biodiversidade no nosso planeta e só isso bastaria para infirmar o respeito que merece e que lhe devemos. Podemos assim afirmar que a floresta é fonte de vida, tal como a paisagem é fonte da nossa inspiração.
Perante atentados como este que se perspectiva, mais se impõem o nosso alerta permanente e a nossa mobilização para uma luta sem tréguas, pela salvaguarda e pela necessária sustentabilidade de tão sensível e insubstituível património!
Rogério Cassona
(Eleito na Assembleia Municipal de Sintra)