Investimento municipal e desenvolvimento local

 

Com 13 anos de animada existência, o Parque Ambiental de Santa Margarida constitui um excelente exemplo do que pode fazer um equipamento comunitário, lançado por um município, para a mudança de atitudes e de práticas, para o incentivo a uma vida mais saudável, para a promoção da cultura e do turismo e para o desenvolvimento local.

Integrado num conjunto de equipamentos que dão expressão às estratégias de desenvolvimento definidas para o concelho de Constância nas últimas duas décadas, o Parque Ambiental e o Borboletário Tropical com que foi enriquecido nos últimos anos são hoje uma referência da freguesia de Santa Margarida da Coutada e têm contribuído decisivamente para a educação ambiental, para a melhoria da qualidade de vida da população, para o crescimento económico local e para a imagem de qualidade de que o concelho de Constância goza a nível nacional.

 

Uma estratégia de desenvolvimento municipal assente na cultura, na ciência e no ambiente

No início dos anos ’90 o município de Constância definiu a estratégia para o seu desenvolvimento, que viria a ser consagrada no Plano Diretor Municipal e que, por ser acertada e ter dado resultados óbvios, se mantém no essencial na atualidade.

Essa estratégia de desenvolvimento assenta, entre outros aspetos, em três pilares fundamentais: a cultura, a ciência e o ambiente.

A aposta na cultura como fator de desenvolvimento deriva da riqueza e da especificidade dos recursos culturais, históricos e patrimoniais de que o concelho dispõe e que lhe permitem assumir-se como um território capaz de oferecer, aos seus residentes e aos visitantes, qualidade, autenticidade e originalidade. Antes de mais, a beleza ímpar da vila e a atmosfera poética que dela emana – e que por isso é apelidada Constância, Vila Poema desde 1991 –, disposta em anfiteatro na colina frente ao encontro do Zêzere com o Tejo. Depois, as memórias de séculos de transporte fluvial e de vida marítima que nela ocorreram e que continuam a ser testemunhadas no nosso tempo pela bicentenária Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem (a grande festa do Tejo que todos os anos pela Páscoa reúne em Constância, para a Bênção dos Barcos, embarcações dos municípios ribeirinhos de Abrantes até Lisboa) e pelo Museu dos Rios e das Artes Marítimas. Notável é igualmente a riqueza do património construído, público e privado e, acima de tudo, a profunda relação de Constância com a memória de Camões, fundada numa muito antiga e arraigada tradição popular que afirma que o épico aqui terá vivido. Sobre as ruínas da casa, junto ao Tejo, que o povo aponta como sendo a que o acolheu, foi erguida a Casa Memória de Camões e, mais perto do Zêzere, o Jardim-Horto Camoniano e o Monumento a Camões. Todos os anos pelo 10 de Junho, Dia de Camões, realizam-se em Constância as Pomonas Camonianas, uma exposição-venda de flores e frutos referidos pelo épico na sua obra, que já cumpriram 20 edições e são, sobretudo, uma grande festa coletiva, feita exclusivamente pela comunidade local que afirma e reforça os laços afetivos que ligam Constância à memória de Camões.

A ciência – e em especial a astronomia – encontrou em Constância condições extraordinárias para a sua promoção e fruição com a instalação, no ano 2000, do Observatório Astronómico e da Natureza e, a partir de 2004, do Centro Ciência Viva de Constância (CCV), um dos mais ativos e mais visitados do país. Com parte considerável dos equipamentos instalados ao ar livre, num espaço de especial beleza e qualidade ambiental, o CCV proporciona, a par das observações e demonstrações científicas, um saudável contacto com a natureza que encanta os muitos milhares de visitantes que regularmente o frequentam.

O terceiro pilar em que assenta o desenvolvimento – turístico, mas também das populações residentes e da economia local – do concelho é o ambiente. Para além das belezas naturais do território, situado no centro do país, e da sua qualidade ambiental, o concelho de Constância dispõe, desde 2002, de um equipamento ímpar e de excecional importância para a valorização dos recursos disponíveis e para a promoção da educação ambiental, de estilos de vida mais saudáveis e do desenvolvimento social, cultural e económico local: o Parque Ambiental de Santa Margarida que todos os anos recebe mais de 30 000 visitantes de todas as idades e das mais variadas regiões do nosso país e até do estrangeiro.

Cultura, ciência e ambiente têm sido e vão continuar a ser as alavancas do desenvolvimento do concelho de Constância. A implantação do Parque Ambiental de Santa Margarida e o imenso trabalho por ele realizado ao longo destes 13 anos são uma aposta correta e claramente ganha.

 

Um investimento acertado

Uma joia para o país! – foi assim que o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, se referiu ao Parque Ambiental de Santa Margarida quando, em 18 de abril de 2002, presidiu à sua inauguração. Foram premonitórias as palavras do Chefe de Estado: 13 anos depois, não temos dúvidas em afirmar que o Parque Ambiental vem desempenhando um papel inestimável na sua área de intervenção.

Ocupando uma área de cerca de seis hectares numa zona rural da freguesia de Santa Margarida da Coutada, o Parque Ambiental é constituído por um conjunto diversificado de equipamentos que inclui uma ecoteca (com centro de documentação ambiental, espaço internet, posto de leitura da Biblioteca Municipal, laboratório, auditório, espaço para exposições e loja), um jardim de plantas aromáticas e medicinais, módulos didáticos para exploração de temáticas ambientais, um anfiteatro ao ar livre, uma torre de observação, um parque de merendas, um campo de jogos, um parque infantil, um ginásio ao ar livre e, mais recentemente, o Borboletário Tropical. Disponibiliza aos visitantes passeios pedestres de observação e interpretação da natureza por todo o concelho, visitas guiadas ao Borboletário Tropical e a outros equipamentos do Parque, atividades de animação e atividades específicas para o público escolar que o visita em grande número.

 

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Foi a primeira obra a ser inaugurada no âmbito do conjunto de equipamentos integrantes do Parque Almourol, um projeto supramunicipal que abrange os concelhos de Constância, Chamusca e Vila Nova da Barquinha, apoiado pela ação integrada Valtejo do Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Apresentava como objetivos para a sua ação contribuir, por um lado, para a construção de uma nova cidadania, estabelecendo dinâmicas de desenvolvimento local e regional a partir da transformação de comportamentos e atitudes face aos valores naturais, da divulgação de saberes e do fomento de práticas culturais, educacionais e recreativas e, por outro lado, para a promoção do desenvolvimento do turismo cultural e da natureza. Esses objetivos têm sido, sem qualquer dúvida, plenamente alcançados. O Parque Ambiental de Santa Margarida revelou-se, aos olhos de todos, no concelho e fora dele, um investimento acertado para a região e, até, para o conjunto nacional. Uma importante mais-valia para o concelho de Constância. Uma joia para o país!

 

O impacto do Parque Ambiental na economia local, na qualidade de vida das populações e na educação ambiental

A instalação do Parque Ambiental numa área rural da freguesia de Santa Margarida, afastada da sede do concelho e dos grandes eixos rodoferroviários, revelou-se um poderoso fator de atratividade de públicos, criando condições para o desenvolvimento de atividades e para o crescimento económico local. Para dar apenas um exemplo, nas suas imediações surgiu um restaurante, fruto da iniciativa privada, cujo movimento depende, em boa parte, dos visitantes do Parque e que gera riqueza e permite manter vários postos de trabalho.

A população dos diversos lugares da freguesia, antes tão carenciada de instalações de recreio e de lazer, passou a dispor – e a usufruir – de excelentes condições para passar os seus tempos livres. É frequente verem-se famílias inteiras, em especial nos fins de semana, aproveitando o sol, as sombras, o relvado, os jardins, os lagos e os equipamentos recreativos e desportivos do Parque, convivendo, desfrutando a natureza, aprendendo e ensinando os mais pequenos a amá-la, a respeitá-la e a contribuir ativamente para a sua conservação.

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O Parque Ambiental dá especial atenção à dimensão educativa da sua ação, acolhendo milhares de alunos das escolas, de toda a região e de outras partes do país, e desenvolvendo com eles atividades lúdicas e recreativas que contribuem para a tomada de consciência da importância de todos sermos parte ativa na preservação da natureza, da qual depende a qualidade da nossa vida e, no limite, a nossa própria sobrevivência.

 

O Borboletário Tropical: um espaço fantástico!

Num esforço contínuo para se manter atualizado e para oferecer novos motivos de interesse que mantenham fiel o seu público habitual e permitam atrair novos visitantes, o Parque Ambiental tem realizado diversos investimentos no seu espaço ao longo destes 13 anos de atividade.

O mais recente levou à instalação do Borboletário Tropical, um lugar que surpreende e encanta todos quantos o visitam, não apenas as crianças e os jovens, mas também os adultos de todas as idades, muito em especial os fotógrafos que nele encontram inúmeros motivos de interesse para a prática da sua atividade.

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Aberto ao público em junho de 2013, trata-se de um espaço para dar a conhecer o mundo das borboletas e as diversas fases da sua evolução: ovo, lagarta, crisálida e inseto adulto. No interior do Borboletário são artificialmente criadas e mantidas as condições de temperatura e humidade próprias dos trópicos, de modo a que as borboletas disponham de condições de vida o mais próximas possível das que existem na sua latitude de origem.

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Como se afirma nos materiais de divulgação, «cientistas, colecionadores, alunos e professores das escolas, famílias com ou sem crianças, turistas, todos têm no Borboletário um universo especial, verdadeiramente exótico, onde podem observar diversas espécies de borboletas, incluindo algumas de dimensões consideráveis, todas elas de uma beleza indizível. Entrar no Borboletário é ter a sensação que, de repente, os trópicos vieram de visita ao Parque Ambiental para nos pôr diante dos olhos um mundo de maravilha». Não existe nada de semelhante em Portugal.

 

Contribuir para o desenvolvimento harmonioso do concelho

Juntamente com o Centro Ciência Viva de Constância e os equipamentos e eventos culturais que se realizam na vila – designadamente o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, a Casa Memória de Camões e o Jardim-Horto Camoniano, a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem e as Pomonas Camonianas – o Parque Ambiental de Santa Margarida contribui de forma decisiva para a diversidade da oferta turística do concelho e para o seu desenvolvimento equilibrado. Cultura, ciência e ambiente são as chaves da nossa qualidade de vida e do nosso desenvolvimento presente e futuro. O Parque Ambiental de Santa Margarida é um poderoso esteio desta estratégia de crescimento que tem feito de Constância, como as estatísticas demonstram, um dos concelhos com melhor qualidade de vida em Portugal.

 

Júlia Amorim

Presidente da Câmara Municipal de Constância