A primeira pedra foi lançada a 11 de junho de 2014, precisamente no ano em que se assinalaram os 100 anos do início dos trabalhos arqueológicos na área do município. Volvidos pouco mais de dois anos, o Largo da Estação ganhou uma nova vida. O Núcleo Regional do Megalitismo abriu portas ao público no passado dia 15 de setembro.

 

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Antiga estação de caminhos de ferro acolhe o Núcleo

 

As primeiras referências arqueológicas conhecidas, remontam ao séc. XVII, quando Manuel Serafim de Faria faz alusão à anta-capela de São Dinis. No entanto, será nos finais do séc. XIX, através dos trabalhos de Leite de Vasconcelos, e outros investigadores, que surgem referências à área do nosso município, nomeadamente aos testemunhos mais percetíveis, os monumentos megalíticos (Vasconcelos, 1914). É com o arqueológo Vergilio Correia, que em 1914 se identificam e registam monumentos megalíticos funerários, povoados e santuários, tendo ainda o mérito de publicar os resultados (Correia, 1921). Muitos outros investigadores passaram pelo nosso território, tais como: Manuel Heleno, o casal alemão Georg e Vera Leisner, Irisalva Moita, entre outros. Durante algumas décadas a investigação arqueológica ficou parada, somente a partir da última década do séc. XX, mais propriamente em 1999, é que se reiniciam os trabalhos graças à ação , da Dr.ª Leonor Rocha e de Manuel Calado. De relevar, que nos últimos anos foram aqui identificados monumentos cujas características são raras em toda a península ibérica: o alinhamento e necrópole do Monte de Têra, em Pavia, e o cruciforme megalítico do Alto da Cruz, em Brotas, sendo que este último foi, em 2013, alvo de reportagem pela revista «National Geographic».**

 

Geograficamente, o município de Mora encontra-se inserido numa das zonas considerada como das mais ricas nesta área do património.

Reconhecendo a importância do passado histórico, a Câmara Municipal de Mora encontrou, no valiosíssimo legado arqueológico herdado, a motivação necessária oara a construção do Núcleo Regional do Megalitismo.

 

A primeira pedra foi lançada a 11 de junho de 2014, precisamente no ano em que se assinalaram os 100 anos do início dos trabalhos arqueológicos na área do município. Volvidos pouco mais de dois anos, o Largo da Estação ganhou uma nova vida. O Núcleo Regional do Megalitismo abriu portas ao público no passado dia 15 de setembro.

 

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Novas tecnologias ao serviço da divulgação do conhecimento

 

A antiga estação dos comboios, ou do caminho de ferro como é tão bem conhecida, é um espaço que, pelas suas características e funcionalidades de outrora, estará para sempre intimamente ligado à nossa história local. No entanto, era há muito um local devoluto entregue ao abandono. Tendo em conta a sua localização privilegiada e o simbolismo que o mesmo transmite, era importante recuperá-lo, valorizá-lo e devolvê-lo às suas gentes como ponto de interesse vivo, útil e ao alcance de todos.

 

A instalação do Núcleo Regional do Megalitismo implicou a remodelação da antiga estação, cuja estrutura já existente dá agora lugar a uma área de lazer composta com jogos interativos, uma sala de internet e  biblioteca, e a criação de dois novos espaços, um para o museu e o outro dedicado à área de cafetaria. Na zona expositiva, o museu propriamente dito, está representada a modelação em 3D da área envolvente das escavações e integra assim três fases que simbolizam o quotidiano das populações neolíticas: a Vida, a Morte e a Contemplação. O espólio que representa os períodos mais antigos do Neolítico, altura em que as primeiras comunidades de agricultores aqui se instalaram, e que até então se encontrava no Museu Nacional de Arqueologia, está agora exposto e disponível para apreciação do público em geral. Os diversos elementos que compõem o Núcleo estão interligados entre si por um corredor, que é acompanhado na sua estrutura com placas metálicas com pequenas aberturas que simbolicamente representam o geometrismo presente nas placas de xisto que acompanhavam os mortos.

 

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Pormenor do interior do Núcleo

 

A construção do Núcleo Regional do Megalitismo de Mora envolveu um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros, tendo sido comparticipado em 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o restante ficado a cargo da Câmara Municipal de Mora. A autoria do projeto é da responsabilidade da CVDB Arquitetos Associados.

 

O município de Mora está agora mais atrativo. Tem mais um ponto de interesse. Um novo equipamento turístico que contribui diretamente para o desenvolvimento e para a valorização turística, cultural e socioeconómica locais, complementando assim a oferta já existente, nomeadamente o Fluviário de Mora, a gastronomia de excelência e todos os monumentos historicamente e caracteristicamente relevantes.***

 

O Núcleo Regional do Megalitismo de Mora encontra-se aberto de terça-feira a domingo, no período das 10h00 às 17h30.

 

 

 

Mafalda Lopes

(vereadora do pelouro da Cultura

da Câmara Municipal de Mora)

 

 

 

** Fonte: «O tempo das pedras», de André Carneiro, Leonor Rocha, Manuel Calado e Pedro Alvim, 2012

*** Fonte: Boletim Municipal de Mora nº 116, 2016